Biografia de Stephen Gray
Stephen Gray (Canterbury, dezembro de 1666 — Londres, 7
de fevereiro de 1736) era um próspero tingidor de seda. Ele estava
habituado a ver faíscas elétricas saltarem da seda e elas o fascinavam.
Infelizmente, um acidente incapacitante encerrou sua carreira, deixando-o na
miséria. Depois, ele recebeu uma chance de vida nova em Charterhouse e tempo
para realizar suas próprias experiências elétricas.
Gray construiu uma estrutura de madeira e na haste
superior ele pendurou dois balanços usando corda de seda. Ele também tinha um
aparelho , uma máquina Hauksbee, para gerar eletricidade estática. Com uma
grande plateia presente, ele pôs um dos órfãos que viviam lá, para se deitar
entre os dois balanços. Gray colocou algumas folhas de ouro na frente do
menino. Depois, ele gerou eletricidade e eletrificou o garoto por uma barra de
ligação (biela).
Folhas de ouro, até penas, saltavam rumo aos dedos
do garoto. Alguns espectadores afirmaram ter visto faíscas saindo dos seus
dedos. Puro espetáculo. Mas para a mente curiosa e inquisitiva de Stephen Gray,
isto também significava outra coisa... a eletricidade podia se mover, da
máquina para o corpo do garoto, através de suas mãos. Mas a corda de seda a
detinha. Significava que o misterioso fluido elétrico poderia propagar-se por
algumas coisas... e outras não.
Isso levou Gray a dividir o mundo em dois diferentes tipos de
substâncias, chamadas isolantes e condutoras. As isolantes detinham a carga
elétrica em seu interior não a deixavam passar, como a seda, o cabelo, vidro e
resina, enquanto as condutoras permitiam que a eletricidade se propagasse, como
o garoto ou metais.
Segundo Delaynay (DELAYNAY, 1809), em 1730 os
cientistas Stephen Gray, na Inglaterra, e Charles Du Fay na
França, realizaram experiências friccionando tubos de vidro, com mais ou menos
um metro de comprimento e observando que eles atraiam também pequenos
objetos, o que levou-os a concluir que de alguma forma a eletricidade
havia penetrado neles (WATSON, 1748).
Observando que após algum tempo a capacidade de
atrair objetos se desfazia, e imaginando que isto se devia ao
fato do fluido elétrico se esvair, Gray fechou
as extremidades do tubo de vidro com rolhas de cortiça, observando então que os
pequenos objetos, uma vez que o tubo fosse carregado, eram atraídos por estas
rolhas também. Ele havia friccionado apenas o vidro, e não as rolhas, e
concluiu que, ao colocar eletricidade no tubo, ela de alguma forma penetrara
também nas rolhas de cortiça.
De acordo com Gray, Água e ar podem ser postos
a viajar através de tubos ocos. É o que chamamos de ’corrente’. Líquidos e
gases podem correr: o rio é uma corrente de água e o vento é uma corrente de
ar, e desta forma posso afirmar que a eletricidade também assim se comporta.
A partir daí passou-se a usar a expressão corrente
elétrica como denominação da passagem de eletricidade.
Depois deste experimento, Gray procurou
investigar o quão longe poderia se propagar a eletricidade, colocando uma
esfera de marfim pendurada por um pedaço de barbante fixado a uma das rolhas na
extremidade do tubo de vidro. Testou usando pedaços maiores, até a esfera de marfim
ficar na extremidade de um barbante com cerca de 3 metros de comprimento,
constatando que a esfera de marfim ainda era capaz de atrair objetos. Então,
para poder testar distâncias maiores, ele teve que fixar o barbante no teto de
seu laboratório. Estendeu vários metros, indo e voltando formando um zig-zag em
sua oficina. As duas pontas do barbante ficaram pendentes no teto. Numa
delas, Gray prendeu o tubo de vidro, e na outra, a bola de marfim.
Mas, dessa vez, a bola de marfim não atraiu pena alguma, por mais
que Gray friccionasse o tubo de vidro - parecia que subitamente a
eletricidade havia parado de fluir pelo barbante. Possivelmente ele deve ter se
perguntado: seria o barbante muito longo, teria ele encontrado um trajeto
extenso demais para a eletricidade?
Após mais alguns experimentos ele concluiu que
problema não era o percurso da eletricidade – na verdade constatou que não
havia mais eletricidade ali. Alguma coisa havia mudado o comportamento do
conjunto tubo / barbante / bola de marfim - o que poderia ter sido?
Supondo que a eletricidade escapava pelo barbante
quando este fazia contato com o teto por causa da espessura do mesmo, fios de
seda muito finos foram então usados para sustentar o barbante. Desse modo, a
corrente elétrica, ao passar pelo barbante, não poderia alcançar o teto, a
menos que atravessasse os fios de seda, e estes eram supostamente finos demais
para permitir a passagem da eletricidade. Esta idéia se confirmou
experimentalmente, pois quando friccionava o vidro em uma das extremidades do
barbante, a bola de marfim, na outra ponta, atraía pequenos objetos, independentemente
do comprimento do barbante.
Segundo sua carta à Royal Society ele testou um fino arame de latão, em vez de
fios de seda, para sustentar o barbante e a esfera de marfim, quando o
comprimento deste primeiro tornou-se tão longo que os fios de seda começaram a
se romper. Observou novamente que a manifestação da eletricidade desaparecera,
constatando posteriormente que não era o diâmetro do material a causa de haver ou
não a condução da eletricidade, mas a natureza de seu material. Classificou
então os materiais que pôde testar em dois tipos: os condutores, aqueles que
permitiram a passagem da eletricidade, e os não condutores, aqueles que não
permitiram sua passagem.
Gray pôde concluir, então, por que o vidro, âmbar,
enxofre e outros materiais eram eletrificados por fricção - eram todos não
condutores. Uma vez friccionados, enchiam-se de
eletricidade que não podia ir a parte alguma. Propôs que se um pedaço de
metal fosse friccionado, o fluido elétrico penetraria em quase tudo que o
tocasse, tão rápida e facilmente que nenhuma eletricidade ficaria no metal. E,
se o metal tocasse num não-condutor, tiraria todo o fluido elétrico que o
não-condutor pudesse conter. Gray demonstrou que qualquer corpo podia
carregar-se de eletricidade: prendendo um menino ao teto, com fortes fios
isolantes, ligando-o a uma máquina eletrostática como a de Guericke,
comprovando depois que penas prenderam-se ao menino e à sua roupa.
Caracterização:
Arrasaram minhas alunas lindas! Amei o vídeo.
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